ConFronteira - Pinot Noir e jantar festivo.

Na reunião de agosto da ConFronteira o destaque coube a Pinot Noir, nobre casta, mas que ainda encontra alguma resistência aos paladares dos enófilos de nossas cidades.

Por gerar vinhos mais leves e com frequência mais ácidos, nossos amigos estranham a sutiliza da Pinot Noir, e por isso sua aceitação tem sido difícil.

Visando quebrar esse paradigma, a seleção dos vinhos foi criteriosa, com destaque para um Louis Jadot Corton Grand Cru 2009 que comprei em Ciudad del Este, certamente um referencial importante para os mais incautos que, se não gostarem desse exemplar de Pinot, definitivamente deverão seguir firmes na Malbec!!!

Vamos aos vinhos provados na degustação e posteriormente durante o jantar (Obs: algumas fotos ficaram faltando):

1) Montes Pinot Noir Outer Limits 2014, DO Zapallar Coast, Aconcagua Limit, Valle de Colchagua, Chile: minha primeira experiência com esse vinho, oriundo de uma das mais recentes linhas de produto da bodega Montes.
Região de extremos e próxima a costa do pacífico, essa linha vai no sentido de vinhos mais frescos, elegantes e exóticos, que buscam aplacar a sede e a curiosidade dos consumidores por novidades.
13,5% de álcool, com coloração de mediana intensidade, numa tonalidade rosácea escura.
Em boca confirma a proposta mais fresca e ácida, centrado nas frutas vermelhas frescas, como cereja e ameixa. Também notas de chocolate - 12 meses de barrica - e algum herbáceo de eucalipto.
No geral, o achei muito bom (nota 88).
É importado pela Mistral a R$ 240,67.

2) Chacra Pinot Noir 55 2014, Rio Negro, Patagônia, Argentina: um clássico de Piero Incisa della Rocchetta em plena patagônia argentina. Sou fã dessa vinícola e a considero a melhor produtora de Pinot da América do Sul.
Estilo elegante, leve e floral, muito agradável no olfato com seus 14 meses em barricas francesas. Notas de laranja seca, açúcar mascavo e bala de banana para alguns dos participantes presentes, canela e cereja fresca.
Em boca é agradável e prazeroso de beber. Acidez mais equilibrada e curto no retrogosto.
Para mim é excelente (nota 89/90). Recebeu 94 pontos de Parker nesta safra, o que considero um exagero.
Até pouco tempo era importado pela Ravin a R$ 565,00 na safra de 2010.

3) Louis Jadot Corton Grand Cru 2009, Bourgogne, França: a safra foi grandiosa na região e o produtor é excelente. A imprensa especializada descreve "Corton" como sendo um vinho viril e por vez rústico. Para mim, pelo bom sentido, é sempre origem de Pinots clássicos, volumosos e muito convincentes.
A coloração rubi de média intensidade e reflexos tendentes ao alaranjado indicavam que poderíamos estar diante de um vinho que foi armazenado incorretamente e com evolução precoce.
Sinceramente, até acho que esse era um caso, mas a análise organoléptica não foi prejudicada.
Intensidade média no nariz, porém, de grande complexidade, com notas de ameixa seca, húmus, laranja seca, chocolate amargo, canela, tamarindo e cereja fresca. Estagia 18 meses em barricas 100% novas, conferindo-lhe grande volume de boca e complexidade ímpar.
Em boca apresentou excelente estrutura para um Pinot Noir, claramente mais "denso" que os demais Pinots que forma degustados juntos. Acidez presente e taninos ligeiramente destacados, demonstrando ser este um vinho para longa guarda.
No geral é excelente (nota 92+).
Quem importa é a Mistral e seu preço ronda os R$ 900,00 atualmente.

Manos Negras Artesano 2014, Altamira, Valle do Uco, Argentina: blend de Malbec, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Petit Verdot, com 12 meses em barricas, sendo apenas 15% novas.
Tinto interessante, com menos corpo e volume de boca. Centrado na fruta fresca madura, apresenta taninos leves e acidez mais destacada que o normal dos vinhos argentinos.
No geral é um vinho muito bom, saboroso e pouco complexo (nota 88).
Custa $ 276,00 na Argentina.
Não é importado para o Brasil.

Zuccardi Santa Julia Tintillo Malbec/Bonarda 2016, Mendoza, Argentina: com 13% de álcool o Tintillo é um vinho simples e agradável, nada mais que isso.
Recentemente recebeu 91 pontos da revista Decanter com a seguinte descrição: "notas de especiarias e amoras do Bonarda, somadas a umas refrescantes e vibrantes notas de cerejas e violetas do Malbec, neste tenso, texturado e delicioso suco para adultos" (tradução livre do espanhol).
Bem, talvez eu esteja ficando muito exigente, mas para mim o vinho é simples e agradável, muito longe dos 91 pontos concedidos.
Entre bom e muito bom (nota 85+).
Também era importado pela Ravin, mas o site está fora do ar.

Mendel Semillón 2015, Mendoza, Argentina: uma excelente surpresa nesta noite de tintos, onde este Semillón foi o grande destaque para mim.
Vinho de cor amarelo pálido com reflexos esverdeados, com justos 6 meses em barricas novas francesas e 13,2% de graduação alcoólica.
Fresco e frutado no nariz, com notas de maça madura, laranja e melão. Também abacaxi, mel, azeitonas e eucalipto.
Em boca é leve, frutado e com boa densidade (volume de boca) e acidez de média para baixa. 
Retro-gosto médio e que recorda frutas cítricas. Leve amargor final.
Entre muito bom a excelente (nota 89).
É vendido na internet por R$ 162,00 e na a na Argentina custa 210,00 pesos.

Schroeder Pinot Noir Familia Schroeder 2010, San Patricio del Chañar, Neuquén, Argentina: Um 2010 ainda muito vivo e vibrante, com uma coloração violácea profunda e sem sinal de evolução.
Eu confesso que já gostei mais desse vinho, mas hoje o considerado meio "pesadão" e alcoólico (14,5%). O cidadão vai envelhecendo e com ele o paladar vai ficando mais sutil!
Poderoso e expressivo no olfato, com notas de cereja em calda, geléia de ameixa e chocolate amargo.
Em boca é encorpado e com estrutura média, mas a baixa acidez, somada ao elevado grau alcoólico, o tornam cansativo de tomar, apesar de ser muito saboroso.
Enfim, é um vinho que precisa de guarda para amaciar, mas no geral é muito bom (Nota 88/89).
É importado pela Decanter a R$ 304,00.

Seguem algumas fotos do evento e dos vinhos degustados:










                                             

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