ROMANÉE-CONTI 1998, 13,0% v/v.

Revisando meus arquivos, encontrei uma reportagem de Mário Telles, ainda em 2007, na revista Wine, onde descreveu suas experiências com o Romanée-Conti:

"A primeira garrafa ninguém esquece e a minha, de um 1982, tornou-se inesquecível, porque provavelmente foi o melhor de todos os que bebi, com sua enorme complexidade aromática evocando delicados aromas de pétalas de rosa e com sua boca, menos intensa, mas com maciez que lembrava a textura das mesmas pétalas de rosa.
Gradativamente, descobri que o tempo é o maior aliado desses vinhos aparentemente finos e delicados. Os melhores são sempre os mais antigos ou os de safras menores, justamente por estarem prontos antes. Os Romanée-Conti 1992 e 1991 pareciam estar a meio caminho do maravilhoso 1982, enquanto os 1985, 1990 e 1995 foram decepções, não conseguindo provocar as emoções viscerais citadas e sentidas acima.
Com o 1978, considerado a safra do século, mais que decepção, surpresa, definiria melhor o encontrado. A cor e concentração sugeriam mais um Bordeaux com 10 anos que um Borgonha com mais de 20 anos, ainda impenetrável em termos olfativos e gustativos. O fato é que sempre tive dificuldade em entendê-lo ...."

Bem, comigo não foi diferente, pois o vinho se mostrou muito diferente daquilo que eu esperava. Ligeiramente turvo (Obs: não foi decantado), com coloração vermelho escura e reflexos alaranjados.
O perfil aromático é fantástico e inebriante, com notas de figo seco, notas terrosas, laranja seca, tamarindos, azeitonas, pimentão, café e um leve sous-bois.
Já em boca é tudo ao contrário, onde mais parecia um bom Merlot envelhecido que um Pinot Noir de estirpe.
Ácido e com taninos ainda perceptíveis. Grande estrutura gustativa e volume de boca enorme para um Pinot!
Assim, ao fim e ao cabo, apesar dos seus 17 anos, hoje, tenho a certeza que o bebemos jovem demais, em um momento de transição entre a juventude e a maturidade, onde o vinho encontrava-se "rebelde", difícil, intransigente!
O fato é que essa experiência única foi muito enriquecedora. Após anos e anos de dedicado estudo, havia chegado a minha hora de provar o Romanée-Conti, um vinho icônico e nos quais normalmente a expectativa é superior ao que encontramos na taça.
De qualquer forma, concedo-lhe 90 pontos, certo que pela estrutura gustativa e complexidade aromática, este mesmo 1998 é ainda um adolescente e deverá evoluir muito com mais uns 10 ou 15 de sagrado repouso. Quem tiver a sorte de provar, favor me contar lá na frente!!!!
Antigamente era importado pela Expand, mas creio que sua importação foi descontinuada, o que é uma pena, pois o Romanée-Conti marca um símbolo e o saudosismo de um período histórico vivido pelas grandes importadoras na década de 1990.
Deixo meu sincero agradecimento aos amigos que me propiciaram essa experiência, certo de em breve nos reencontraremos para desfrutar excelentes vinhos.



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