WALTER BRESSIA e a elegância de seus vinhos.

setembro 15, 2016

Enquanto ainda cursava o curso de sommelier em Buenos Aires, tive a oportunidade de visitar a vinícola de Walter Bressia em Luján de Cuyo.

Minha colega Marcela Carmona conseguiu agendar uma visita exclusiva num sábado de manhã.

Sr. Walter, sempre muito atencioso e prestativo, nos recebeu carinhosamente e nos levou diretamente para a sala de barricas para provarmos alguns dos lotes que entrariam no futuro Conjuro em sua primeira safra.

Provamos Malbecs e Cabernets de diversos terroirs e envelhecidos tanto em barricas francesas como americanas, a fim de encontrar o assemblage mais elegante e harmônico possível.

Convergimos no Malbec do Valle do Uco e na barrica francesa de tosta média.

Walter é um grande enólogo. Um homem com rara sensibilidade para vinhos elegantes e complexos.

Recentemente tive a oportunidade de provar alguns de seus vinhos de safras jovens em uma degustação promovida pela enoteca Casagrande aqui de Bernardo Irigoyen

Vamos as notas de prova:

1 - Bressia Royale Brut 2014 - 12,5% v/v.

É o espumante da casa. Um assemblage de Pinot e Chardonnay, com 6,8 gramas de açúcar residual. As uvas são de Tupungato.

A coloração me pareceu um pouco evoluída, ligeiramente dourada demais.

No nariz tem boa complexidade, com notas de pão fresco, mel e maça vermelha.

Em boa é cremoso, ligeiramente mais ácido que o normal, mas bastante agradável.

No geral é muito bom (nota 88), claramente num estilo mais evoluído, sério e complexo.

Na Argentina custa $ 410,00 (cerca de R$ 86,10).

Seu importador no Brasil é a La Charbonnade de Canela, do meu amigo Humberto.

2 - Bressia Lagrima Canela 2013 - 14,5% v/v.

É um corte de 70% Chardonnay e 30% Semillón que foi criado por 14 meses em barricas novas francesas. Foi eleito o melhor assemblage branco do Guia Descorchados 2016.

Elegante, denso e com ótima vinosidade. O álcool desponta um pouco. Se percebe bem as notas aromáticas da Semillón.

Entre muito bom/Excelente (nota 88/90).

Paguei $ 410,00, cerca de R$ 85,00 no câmbio atual.

É importado pela La Charbonnade e custa cerca de R$ 211,00.

3 - Bressia Cabernet Franc Montealegro 2013 - 14,5% v/v.

Envelhecido por 15 meses em barricas francesas e americanas.

Ataque com algo verde no nariz bem destacado, pirazina mesmo, além de defumados e amoras negras. A barrica americana se destaca no nariz.

Macio em boca, com baixo nível de taninos e acidez. Volume alcoólico sem ser agressivo e o final de boca parece doce.

Muito bom (87), mas não o compraria. Muito "verde" para o meu paladas.

Custa $ 280,00 na argentina.

4 - Bressia Profundo 2011 - 15,0% v/v.

Um clássico que percorre os anos. É sempre um corte, mas com predominância da Malbec, com Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah. 10 meses de barrica.

O estilo é elegante; sempre foi. Porém, a graduação alcoólica subiu bastante nos últimos anos e hoje está em 15%, o que não me agrada.

Boa complexidade, com notas balsâmicas e de ameixa fresca.

Forte em boca, intenso pelo álcool. Merece uma nova prova mais detalhada.

Muito bom (89).

La Charbonnade/Custa R$ 228,00 no site "vinhosmundi".

5 - Bressia Conjuro 2009 - 14,5% v/v.

Até então pensava ser este o seu top (atualmente é o vinho chamado "ultima hoja"), do qual tive a oportunidade de provar vários lotes das uvas que originariam o primeiro Conjuro, ainda em 2006.

Da safra de 2009 foram produzidas apenas 2500 garrafas, através de um blend de 50% Malbec, 30% Cabernet Sauvignon e 20% Merlot, com 18 meses em barricas novas francesas.

Para completar, este magnífico vinho recebeu 96 pontos de Parker, o que é sempre uma referência importante de sua qualidade.

Segundo minha percepção, demonstrou a típica coloração escura e violácea, com lágrimas densas e vagarosas.

Nariz potente e com ótima complexidade, com notas de chocolate amargo, violeta, ameixa fresca, pimentão, manteiga e baunilha.

Estruturado, longo e ao mesmo tempo elegante. Ótimo já, mas com taninos para mais uns 12 anos até o perfeito equilíbrio.

Por fim, certamente excelente (nota 94). É um vinho caro, cerca de $ 1.000/1.200,00 na Argentina. No Brasil custa cerca de R$ 600,00 e é importado pela La Charbonnade.

Seguem algumas fotos para recordação e abaixo o link da bodega Bressia e da importadora.