Loucuras de um Brasil errante!!!

Há alguns dias nossa confraria se reuniu para festejar o vinho nacional. Desta vez, nossa "árdua" tarefa foi avaliar alguns dos vinhos mais comentados do momento, invariavelmente caros, mas com qualidade discutível. Presentes Sr. Nelson, Sra. Regina, Cláudio, Gustavo, Dr. Ronaldo, Rogério, João Lombardo e Eu. Vamos aos vinhos:

Valduga - 130 Anos Brut - IP Vale dos Vinhedos/RS - Brasil - NV.
Corte de Pinot e Chardonnay. É um assemblage das safras 99, 2000 e 2002, com dégorgement em 2009.
Clarinho, esverdeado, maduro em boca, com boa complexidade, notas de mel, batata doce, pão fresco e suco de abacaxi.
Muito bom (nota 88). Potência marca o estilo.
Essen/US$ 25,00.

Tormentas - Minimus Anima - RS - Brasil - 2007.
Corte de Merlot, Alicante e Tannat.
Sem madeira, com estrutura leve e acidez presente. Pouca complexidade e estrutura... na verdade um vinho simples sem grandes predicados.
Vale provar, mas jamais compraria uma garrafa.
Agradável (nota 83).
Cerca de US$ 40,00 no mercado nacional.

Tormentas - Premiun - RS - Brasil - 14,8% v/v - 2006.
Corte de 45% de Pinot Noir colhida tardiamente, 25% de Tannat, 25% de Merlot e 5% de Alicante. Sem passagem por madeira e, segundo o produtor, toda esta potência alcoólica é natural.
Linda coloração escura, com reflexos ainda pouco evoluídos.
Aroma intenso, pouco complexo, com algumas notas químicas incomuns ligeiramente desagradáveis. No geral lembra canela, jasmim, rosas secas e detefon.
Em boca é um vinho encorpado, porém, pouco estruturado. Falta acidez e seus taninos são imperceptíveis, com meio de boca muito desequilibrado. Também curto no retrogosto.
Pela fama, confesso que esperava muito mais. Parece um vinho maquiado, sem alma.
Vale provar, mas jamais compraria uma garrafa.
Cerca de US$ 80,00 no mercado nacional.

Tormentas - Premiun - RS - Brasil - 13,8% v/v - 2007.
Um vinho 100% Merlot, sem madeira.
De todos os vinhos que provamos desta vinícola, é de longe o melhor... na verdade o único interessante.
Linda coloração escura, com reflexos pouco evoluídos.
Aroma intenso, mas na verdade pouco complexo! Diria um pouco enjoativo. Lembra cereja madura, violeta e erva doce.
Em boca é um vinho mediano, pouco estruturado, com taninos presentes e baixa acidez. Mais uma vez, falta meio de boca. O retrogosto é ligeiramente mais longo que na safra anterior.
De todos os vinhos provados, é um único vinho que poderíamos chamar de "normal". Os outros. Por ser Merlot, tem alguma tipicidade, é bem feito e sem defeitos graves. Jamais deveria custar o que está sendo cobrado. Para mim, R$ 35,00 estariam bem pagos (nota 84).
Cerca de US$ 80,00 no mercado nacional.

Lidio Carraro - Tannat - Encruzilhada do Sul/RS - Brasil - 16,2% v/v - 2005.
Estava curioso para provar este vinho. Havia sendo recomendado por um famoso "crítico de vinhos carioca" como o melhor Tannat da América do Sul. Apenas 3.380 garrafas, sem madeira. De pronto, se mostrou praticamente negro, potente e muito alcoólico.
Neste vinho falta elegância, acidez e complexidade. É um vinho pesado, com notas herbáceas muito intensas, com taninos rudes e uma alcolicidade absolutamente grosseira.
De forma alguma que este, na minha humilde opinião, poderia ser listado como bom Tannat. Poderia listar alguns uruguaios bem melhores que este, mas este será o tema de post no futuro.
No máximo, apenas bom (nota 83).
Custa, na vinícola, cerca de US$ 90,00.

Valduga - Merlot Storia - IP Vale dos Vinhedos/RS - Brasil - 2005.
12 meses em barrica, com 6.122 garrafas produzidas. Apenas será produzido em grandes safras.
Escuro ainda, com pouca evolução nos reflexos.
Intenso no nariz, com carvalho nítido. Notas defumados, café, manteiga, amora negra, pimenta negra, engaço de vinha e ligeiro suor.
Encorpado, denso, com taninos macios e acidez correta. Para mim lhe falta um pouco mais de elegância. As notas herbáceas se acentuam em boca.
Tem muito de tudo, parece que foi um vinho construído para concursos.
De qualquer forma, é um vinho muito bom (nota 87/88). Entre os melhores nacionais, onde a potência marca o estilo.
Cerca de US$ no mercado nacional.

Comentários

  1. Caro amigo Guilherme,
    Concordo plenamente com a sua opinião sobre todos os vinhos degustados. Gostaria de acrescentar que a grande surpresa (positiva) foi o Valduga Merlot Storia 2005. O mesmo foi de longe o melhor merlot nacional que degustei e foi o único vinho, brasileiro, que melhorou (e muito) no copo que bebi.

    Abç,

    Claudio

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  2. Prezado Guilherme, o que seria esta 6ª garrafa?

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